Vale à pena fazer faculdade para ser programador?
Thiago Alves • 15/05/2020
Dias atrás, mencionei num post que muitas pessoas vinham até mim e perguntavam qual faculdade precisariam fazer para começar a programar. Ao mesmo tempo em que penso como essa pergunta possui uma resposta óbvia para mim, lembro como, há treze anos, eu estava ainda mais perdido do que essas pessoas.
Se você está com pressa e entrou nesse post atrás de uma resposta rápida, já vou adiantar a minha opinião sobre o assunto: não vale à pena fazer faculdade para ser programador.
Simples assim?
Não. Existem uma série de fatores a serem avaliados como qualidade do curso, nível de conhecimento ou desejo pessoal, por exemplo.
Sim. Quando colocamos numa balança os prós e contras, o segundo sempre vence. Ironicamente isso fica mais claro depois que você se forma.
Os meus critérios de avaliação
A dinâmica da profissão
A programação é uma atividade extremamente técnica e prática. É como na profissão de mecânico, não importa se você leu cinquenta livros sobre o tema, isso não te faz um profissional. A teoria precisa ser aplicada para se transformar em conhecimento de fato.
Conteúdos inúteis dos cursos
Durante a minha graduação, tive aulas sobre administração, contabilidade, português, inglês, direito, entre outras. Uma quantidade gigantesca de horas dedicadas a disciplinas que não serviram para nada. Pelo que eu já vi de outras faculdades, é muito comum que essas disciplinas estejam presentes nas grades curriculares apenas para aumentarem a carga horária.
O preço
Não é difícil encontrar, no Brasil, uma graduação que custe mais de R$ 1.000,00 por mês. A quantidade de conteúdo que é possível ter acesso usando metade desse valor e sem sair de casa, é imensurável.
Você pode fazer investimentos muito menores para aprender coisas mais específicas. Isso sem falar na quantidade de conteúdo gratuito e de qualidade disponível na internet.
O tempo
Image você passando 3.200 horas, sentado(a) numa cadeira dentro de uma sala de aula. Esse é um número aproximado de horas de um curso superior na área de tecnologia. Agora, imagine usar esse tempo para estudar apenas o que você quer focar, como desenvolver aplicativos, por exemplo. Um pouco de imaginação é o suficiente para perceber o óbvio, não é mesmo!?
O diploma não importa muito
Em muitas áreas, como medicina, por exemplo, é impensável haver um profissional atuando sem diploma. Na programação, as coisas já não são bem assim.
Mesmo que você tenha um belo diploma pendurado na parede, sem experiência prática, é muito provável que perca uma vaga para outro profissional que trabalha na área há alguns poucos anos e só tem o ensino médio completo. O importante é o que você sabe na prática, os problemas que já resolveu, os projetos que já participou.
Não se aproveita nada da faculdade?
Não é bem assim. Existem uma série de conceitos que trabalhamos na programação que são aprendidos nos cursos de graduação, principalmente para quem está começando - praticamente - do zero. Algoritmos, estrutura de dados, orientação a objetos, arquitetura de sistemas, normas.
Por outro lado, é imprescindível que esses ensinamentos sejam colocados em prática ainda durante o curso. Caso contrário, muito pouco será aproveitado. Também é importante dizer que é totalmente possível aprendê-los de outra maneira.
Na minha experiência
Eu já escrevi a aqui no blog sobre as minhas primeiras experiências na programação.
Contradizendo a minha opinião, fiz dois cursos: técnico e tecnólogo. Há 13 anos, ainda não se tinha tanto acesso à informação e a verdade é que eu nem sabia o que um programador faz, muito menos como se tornar um.
Mesmo estudando, tratei de pôr em prática muito cedo e isso foi o que fez a diferença de verdade.
Pude conviver com algumas dezenas de profissionais da minha área e, sempre que tocávamos no assunto, chegávamos à mesma conclusão na maioria das vezes. Muitos abandonaram os seus cursos pela metade, pois, com algum tempo no mercado já não fazia mais sentido gastar tempo e dinheiro com faculdade.
Finalizando
Se o seu sonho é fazer uma faculdade, faça, de verdade! O meu intuito com esse texto não é desmotivar ninguém, é fazer com que entenda que não precisa e que não vale a pena, apenas.
O mais importante é que você coloque em prática o que estuda. Comece um projeto próprio, sobre qualquer coisa e simplesmente escreva. A cada desafio que encontrar, novos ensinamentos serão aprendidos. É assim que aprendemos até hoje.
A minha dica final é que leia o post em que falo sobre o caminho mais simples e barato para iniciar a carreira de desenvolvedor. Já seria um belo ponto de partida.
Se precisar de alguma ajuda é só entrar em contato.
Nos vemos em breve!
Thiago Alves
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